As perucas de carnaval podem transformar, não só um rosto, a envolvência do ambiente de brincadeira. Que também pode ser séria. Pensar na loucura dos anos vinte requer um penteado à altura: uma peruca loira de cabelos bem curtos, acima da orelha, muito bem esticados em cima e encaracolados nas pontas. Mas como era, então, a mulher na sociedade dos anos vinte?
Perucas de carnaval podem retratar a mulher em emancipação, e o feminismo, dos loucos anos vinte – uma consequência da primeira guerra mundial
A primeira guerra mundial levou os homens e deixou ficar as mulheres – para ocuparem o lugar dos homens, pois claro. Havia muito que fazer em todos os sectores de actividade e estava na altura de as mulheres arregaçarem as mangas, principalmente as mais instruídas que, por isso mesmo, tiveram mais facilidade em aceitar tamanha mudança social: começava assim uma vaga de feminismo onde as mulheres descobriam um mundo novo de liberdades e de oportunidades. Neste sentido as perucas de carnaval alusivas aos anos vinte podem fazer toda a diferença – um sinal exterior de mudança de visual da mulher.
Antes disso, ainda no século dezanove, já o movimento feminista se começava a fazer sentir de forma organizada na reivindicação de direitos jurídicos. No entanto, só no início do século vinte as mulheres começam a reivindicar o direito de participação na vida política, nomeadamente o direito de voto.
Designadas de sufragistas, principalmente na Grã-Bretanha, estas mulheres que podem perfeitamente ser homenageadas através de
uma recriação com perucas de carnaval, passaram a desenvolver uma intensa campanha pelo voto. Exemplo disso terá sido Emmeline Pankhurst que, entre 1908 e 1914, terá sido presa e libertada por se manifestar a favor do direito de voto e Emily Davison que, em 1913, durante uma corrida de cavalos, se lançou para a frente do cavalo do rei, vindo a morrer alguns dias depois.
Estavam, assim, lançadas as primeiras bases para que os anos vinte acontecessem de forma louca para as mulheres – até porque dois anos antes as mulheres inglesas com mais de trinta anos conquistavam finalmente o direito de voto!
Emancipação da mulher a todos os níveis marcou os anos vinte um pouco por toda a parte. E em Portugal?
É mais do que divertido
recriar a mulher dos anos vinte com perucas de carnaval – é, sem dúvida, uma bela homenagem também às mulheres portuguesas dessa época. Porque também em Portugal os movimentos feministas se fizeram sentir. Refira-se que em1909 terá sido fundada a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, dirigida por Ana de Castro Osório, Adelaide Cabete, Maria Veleda entre outras.
Esta Liga defendia os ideais de igualdade entre os direitos do marido e os direitos da mulher, nomeadamente a igualdade de direitos perante a lei e estabelecimento do divórcio – assim como todo um programa de educação para o sexo feminino.
Também no que ao voto diz respeito foi esta Liga que, após a proclamação da República, lutou pela concessão do direito de voto às mulheres.
Sem esquecer as repercussões que a emancipação da mulher trouxe para a moda, é de não ficar esquecido o pormenor da bainha das saias - que subiu até aos joelhos; as saias passaram a ser justinhas e os soutiens substituíram os espartilhos.
Com o cabelo, passou a usar-se o corte curto com ondulação permanente e penteado à garçonne – facilmente recriado com uma peruca de carnaval.
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