O carnaval de Torres Vedras, dizem, é o melhor que se festeja por terras lusas pelos elementos que o distingue dos restantes: os reis, o cocotte, os carros alegóricos, os cabeçudos e, como não podia deixar de ser, as matrafonas que se revestem de espontaneidade.

Reza a história que estes grupos de homens que se mascaram de mulheres, um dos símbolos imensamente fortes que caracteriza o carnaval de Torres Vedras, é uma tradição antiga que data dos anos vinte do século vinte e um.

Quem são os grupos de matrafonas tão típicos do Carnaval de Torres Vedras?

As matrafonas começaram por ser homens das zonas rurais que, na ausência de possibilidades económicas para adquirirem fantasias e máscaras de carnaval, aproveitavam as roupas velhas das mulheres de casa para se mascararem: horrivelmente mal amanhados e feios ficavam instantaneamente mascarados para a folia do carnaval de Torres Vedras.

Maminhas Insuflavéis

Com o decorrer do tempo a moda pegou em jeito de sátira e permaneceu até aos nossos dias, tornando-se em um dos ícones mais fortes das festividades carnavalescas nesta região.

Convém lembrar, no entanto, que as matrafonas nada têm que ver com travestis – elas têm a intenção genuína de fazer a sátira de alguns dos jeitos femininos mais vulgarizados Não se confundindo nunca com um travesti, as matrafonas ora satirizam alguns dos toques femininos mais vulgarizados – assim como fazem transparecer a opinião dos homens sobre as mulheres: uma espécie de caricatura engraçada do feminino, porém no masculino. Até porque, regra geral, as matrafonas do carnaval de Torres Vedras são bonecos de mulheres mal comportadas na sociedade…

Hoje em dia, porém, a sofisticação na produção do boneco é diferente de outrora em virtude da imensa oferta de fantasias e de máscaras disponíveis no mercado – o que não quer dizer que uma boa parte das matrafonas não continuem a recorrer à roupa que está guardada lá em casa.

Além das matrafonas, também os carros alegóricos e os cabeçudos complementam a diversão dos foliões em Torres Vedras

Vem já do início do século vinte a utilização de carros alegóricos no carnaval de Torres Vedras e poucas são as alterações que sofreram ao longo dos tempos exceptuando-se, por motivos óbvios, a forma de tracção. De resto, têm vindo a manter a mistura de criatividade no fabrico e a imensa sátira na significância.

Uma outra referência indispensável no carnaval de Torres Vedras é o cabeçudo. Os cabeçudos começaram por ser confeccionados em pasta de papel. Depois foram melhorando a técnica e os materiais – sempre co vista a uma melhoria da folia. Curiosamente, estes são elementos culturais que estão presentes nos primeiros documentos iconográficos sobre o carnaval de que há conhecimento.

Importante referir é também o acompanhamento musical dos cabeçudos: os grupos de Zés Pereiras, vários foliões que tocam bombos enquanto desfilam pelas ruas.

Na verdade, estes grupos que acompanham musicalmente os cabeçudos são característicos das festas e romarias do norte - principalmente de Entre Douro e Minho. É vê-los desfilarem pelas ruas a tocar caixas de rufo, timbalões e bombos e, agora com mais frequência, a gaita de fole.

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