Mascarar ou desmascarar, o que estará na origem do Carnaval? Terá Virgílio Ferreira razão quando afirma que nesta festa o povo desmascara-se ou, pelo contrário, será a transgressão, o prazer, a troca de papéis, a alegria e a diversão uma máscara?

Dionisíacas gregas, festividades cristãs, tanto faz isso da origem do carnaval, já que o que mais importa é a celebração da alegria


Carrum Navalis, o latim do confronto da ordem e da desordem, da vontade e da simulação expresso nos carros navais que abriam as Dionísias Gregas – os grandes festivais realizados para homenagear Dionísio, o deus grego que se assemelhava ao deus romano Baco, dos ciclos vitais, das festas, do vinho, da insânia e da intoxicação que funde o bebedor com a deidade.

Fato Mulher Campo MedievalEram, então, as seguintes as festas que compunham as Dionisíacas Gregas: as Dionísias Rurais, celebradas a meio do inverno e que se destinavam a solicitar os favores de Dionísio à fertilidade das terras; o Festival de Lenaea, que decorria em Janeiro, dedicado aos casamentos; a Grande Dionísia, ou Dionísia Urbana, celebrada em Atenas, o principal festival para o qual as peças gregas que conhecemos actualmente foram escritas.

Outra possibilidade no que concerne às origens do carnaval tem que ver com a transferência da Quaresma - o período do ano litúrgico que antecede a Páscoa cristã e cuja preparação é feita através de jejum, abstinência de carne, mortificações, caridade e orações – por Gregório I, Doutor da Igreja e um dos padres latinos venerado como santo por católicos, ortodoxos, anglicanos e alguns luteranos. Terá sido dada a designação de carne levamen, tirar a carne, ao domingo que antecede a Páscoa.

A origem do carnaval, enquanto celebração, não é consensual: antes de cristo, pagão, cristão ou contemporâneo?


Também pouco interessará se na origem do carnaval está o período antes de cristo, o pagão até ao século seis, o cristão até ao século dezoito ou a partir daí até hoje. Interessa-nos factos. E a verdade é que há indícios de que os festejos de carnaval possam ter nascido no antigo Egipto entre os cultos da blasfémia e da paródia e as comemorações às colheitas por entre fantasias, danças e comilanços em volta de uma fogueira alusiva à igualdade social.

Também na Grécia se recolheram evidências da origem do carnaval aquando dos festejos da fertilidade e da produtividade da agricultura em uma teatralização colectiva que opunha o povo ao governo através das máscaras trocadas em que o rico virava pobre e o pobre virava rico e os homens ficavam mulheres e as mulheres ficavam homens e os padres ficavam rebeldes e os rebeldes recolhiam-se na religião.

Sexo, vinho e muita sátira também acontecia na Roma antiga, uma celebração colectiva em praça pública que colocava a nu a hierarquia social em dias em que as entidades que mantinham a administração da Cidade fechavam para haver o deleite, as corridas de cavalos, os desfiles alegóricos e muitas outras diversões obscenas e pagãs.

Bem mais comedido nos nossos dias, e indiferente naquilo que remonta às origens do carnaval, algo permaneceu imutável ao longo dos tempos: a oportunidade de se fazer sátira ácida e feroz, a comicidade e o espírito de festa e de alegria.

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